Foto: Y Maeda

A campanha Menos Rótulos, Mais Respeito – iniciativa de um grupo de procuradoras do Estado de Goiás que visa a conscientização contra o machismo – foi alvo de discussão na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), durante audiência pública em apoio à campanha, realizada na manhã desta segunda-feira (20), no Auditório Costa Lima. A iniciativa do evento partiu dos deputados estaduais Virmondes Cruvinel (PPS), Adriana Accorsi (PT) e José Vitti (PSDB) e contou com o apoio da Associação dos Procuradores do Estado de Goiás (Apeg).

Na ocasião, as procuradoras do Estado expuseram os motivos que as levaram a criar a campanha e a importância de se debater o machismo não somente dentro dos ambientes de trabalho, mas em todas as esferas, estendendo o projeto para toda a sociedade.

A deputada Adriana Accorsi deu início à audiência saudando a iniciativa das procuradoras do Estado. “Parabenizo todas as procuradoras que idealizaram essa campanha tão importante e necessária e espero que posssamos trazer visibilidade às questões envolvendo os direitos das mulheres”, disse.


Em seguida, o deputado estadual e  e procurador do Estado licenciado, Virmondes Cruvinel, também parabenizou as colegas pelo projeto e destacou a importância de levar o tema para a Assembleia.

“Essa audiência veio para mostrar que é preciso lutar pelos direitos da mulher mesmo já estando no século 21”, afirmou.

Representando o governo estadual, a titular da Secretaria Cidadã, deputada estadual licenciada Lêda Borges (PSDB), ressaltou que o tema abrange uma reflexão ampla e necessária.

“Temos a cultura do estupro. Temos a materialização da mulher na mídia e, muitas vezes, nós mesmas julgamos as mulheres. Precisamos tirar de debaixo do tapete essa discussão. Este ano, a rede de proteção aumentou no Estado de Goiás, porém, isso não altera a questão cultural, pois nasce dentro de nós. Da forma como olhamos o outro, ou melhor, a outra”,  disse.

A procuradora do Estado de Goiás e uma das idealizadoras da campanha Menos Rótulos, Mais Respeito, Poliana Julião, agradeceu os deputados pela oportunidade de levar a discussão para a Assembleia Legislativa e o presidente da Apeg, Tomaz Aquino, por todo o apoio que a entidade tem dado ao projeto.

Ela explicou que a proposta da campanha é de conscientização. “A intenção é despertar e sensibilizar para os comportamentos machistas presentes no cotidiano, os quais muitas vezes acabam levando à violência contra a mulher”, pontuou.

Julião também destacou que o Brasil, segundo a pesquisa Save The Children, é o 50º pior país do mundo para se nascer mulher, posição pior até mesmo que a do Paquistão.

“Precisamos que exista um dialógo sobre isso. Se nós negarmos que nossa sociedade é machista, não haverá mudanças. Aquilo que não reconhecemos, não mudamos”, afirmou.

Machismo institucionalizado

A procuradora do Estado de Goiás e conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Valentina Jungmann, comentou sobre a presença do machismo no cotidiano das mulheres.

“Desde os primórdios detectamos uma desigualdade em relação à mulher. São situações de violência, desprestígio, menos oportunidades”, elencou.

Representando o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, a secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Célia Valadão, falou sobre a ampliação das estruturas municipais que dão amparo às mulheres vítimas de agressão. “A frente da Secretaria tem o papel de ampliar o serviço que busca proteger a mulher que enfrenta diversos tipos de violência perante a sociedade”, disse.

A Superintendente Executiva da Mulher e da Igualdade Racial do governo do Estado, Gláucia Teodoro, apontou ideias para melhorar a proteção das mulheres do Estado. “É preciso uma delegacia que assegure os direitos da mulher em cada bairro de Goiânia. Também é preciso melhorar o atendimento nas cidades do interior”, elencou.

A coordenadora geral da União Brasileira de Mulheres (UBM), Lucia Rincon, ressaltou a necessidade de se combater as atitudes machistas presentes no dia a dia. “Precisamos tratar dessas questões diariamente. Apenas enfrentando é que iremos conseguir avançar e superar um mundo de desigualdade e opressão”, enfatizou.

Representante da desembargadora Sandra Regina Teodoro, a secretária executiva da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar e Execução Penal, Lucelma Messias, disse que é essencial que todos participem da luta pelos direitos das mulheres. “O preconceito de gênero acontece em todas as esferas sociais. Rótulos foram feitos para produtos e não para mulheres”, concluiu.

A procuradora do Estado Patrícia Junker apresentou dados divulgados pela União Interparlamentar, relativos a dezembro de 2016, segundo os quais de um total de 193 países, o Brasil ocupa a 155ª posição no ranking de representação feminina no Poder Legislativo, o que corresponde a apenas 9,9% na Câmara dos Deputados e 16% no Senado Federal.

Na oportunidade, a diretora da Faculdade de Comunicação e Informação (FIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Angelita Pereira, convidou as procuradoras do Estado a lançarem a campanha Menos Rótulos, Mais Respeito na UFG.

“Precisamos encontrar meios para intervir nessa cultura do machismo que está institucionalizada. Peço que a campanha seja ampliada a todo o Estado e o meio acadêmico”, solicitou.

Também estiveram presentes na solenidade a A defensora pública do Estado de Goiás Gabriela Marques; a comandante da Patrulha Maria da Penha da capital, 1ª tenente PM Dayse Pereira e a representante do Grupo Mulheres Negras Dandara no Cerrado, Simone Galvão.

Com informações da Assessoria de Imprensa da Alego

Voltar