Em 1965, a Procuradoria-Geral do Estado de Goiás ainda dava seus primeiros passos, quando o então advogado José Muniz de Resende, com apenas 28 anos, ingressou na carreira. O órgão recém-criado nascia em um contexto conturbado do país e do próprio Estado, mas já contava com nomes que seriam fundamentais para construir sua identidade e consolidar o papel da advocacia pública goiana
Neste mês de novembro, quando se celebra o Dia do Procurador do Estado e a fundação da PGE, José Muniz, aos 88 anos, recorda com serenidade e orgulho o início de uma trajetória que ajudou a moldar a história da instituição. “A Procuradoria nasceu no início da Ditadura Militar. O projeto de lei que a criava foi sancionado no mesmo dia da intervenção federal em Goiás, em novembro de 1964. Vivemos tempos difíceis, mas conseguimos garantir a legalidade e preservar a autonomia do Estado”, relembra.
Logo no início de sua atuação, coube a ele preservar grandes áreas de terras devolutas no Norte de Goiás, região que hoje corresponde ao Estado do Tocantins. Em uma dessas missões, na região conhecida como “Bico do Papagaio”, conseguiu a apreensão judicial de mais de duas mil toras de mogno que estavam sendo levadas ilegalmente para o exterior. Também participou da apreensão de tório radioativo extraído de forma clandestina, com apoio policial, em uma operação de grande complexidade para a época.
Sua carreira foi marcada pela presença constante na área do contencioso, onde atuou por mais de 35 anos, representando o Estado em questões de grande repercussão. Entre os casos mais notáveis estão a defesa do Estado na questão do Césio-137, a intervenção estadual em Goiânia em 1986, a ação envolvendo o Palácio das Esmeraldas e a defesa em processos ligados ao Estádio Serra Dourada. “Foram muitos os contenciosos. A defesa do governador, as minutas dos mandados de segurança, a representação do Estado. Tudo isso exigia dedicação e responsabilidade”, conta.
Mesmo após a aposentadoria no serviço público, José Muniz seguiu na advocacia privada por mais de três décadas, até “pendurar as chuteiras” há cerca de seis anos. “Percebi que era hora de deixar espaço para os jovens. Tenho netos advogados e fico feliz de vê-los seguindo esse caminho”, comenta, com o mesmo bom humor que o acompanha até hoje.
Casado há 61 anos com Helena de Carvalho Craveiro Resende, o procurador aposentado celebra a vida com uma extensa família: oito filhos, contando as noras e os genros, dez netos e dois bisnetos. “São 21 veias pulsando, integradas no mesmo ritmo”, brinca. Mantém a lucidez e o hábito de acompanhar as transformações do mundo, ainda que se defina como um conservador moderado: “O computador me ajuda, uso o celular e faço minhas pesquisas. É preciso correr atrás da modernidade, dentro do razoável”.
Com fé, serenidade e senso de dever cumprido, José Muniz deixa um legado de compromisso e ética que reflete a essência da Procuradoria-Geral do Estado. Sua trajetória é um exemplo do que significa, na prática, defender o cidadão goiano e garantir o Estado de Direito.
Assessoria de Comunicação da APEG | Ampli Comunicação